O dia-a-dia de um Changeling

Por Raquel Serruya Elmescany

Coincidentemente, hahaha, este conto trata da minha personagem no Projeto Belém das Trevas. Pra quem não sabe, o Projeto Belém das Trevas é um projeto de Live Action/Crossover, desenvolvido por alguns integrantes da RPG Pará e outros colaboradores, utilizando os cenários do Novo Mundo das Trevas, ambientados na cidade de Belém, capital do Pará. O projeto é composto de dez mesas, incluindo mesas de Vampiro, Lobisomens, Magos, Geists, Mortais, Imortais e… Changelings.

Este primeiro conto é a respeito da personagem que interpreto, como jogadora do projeto, e trata-se de uma introdução ao cenário Changeling, como utilizado no Belém das Trevas. A idéia é passar o dia-a-dia da personagem, e as dificuldades de ser um Changeling: de fato, você está “perdido”. O próximo conto será sobre Fiasco (tema do próximo evento). E vamos ao conto!

Alice estava saindo de sua nova residência, em frente ao Museu Emílio Goeldi. Tratava-se de um apartamento compartilhado com outros changelings da Corte da Chuva, a qual fazia parte. Sua mentora, Evelyn, era a dona do lugar, e Alice se sentia ligeiramente incomodada por dever favores a ela. Mas, na condição em que estava, sem documentos ou quaisquer identificações válidas, sem emprego e sequer um lugar pra morar, a oferta de Evelyn fora extremamente generosa. Alice devia muito a ela, e por mais que isso fosse incômodo, não tinha outra alternativa.

Bem-Vindo a uma Belém de Trevas


“...E todas as igrejas do mundo continuarão a fechar suas portas quando começar a madrugada. Nelas estarão outros corpos para o apetite dos cães famintos que decerto também comerão das emoções impregnadas na carcaça de alguma alma abandonada na escuridão...”
- Marcos Quinán (Poeta Paraense)

A Belém das Trevas não é a mesma Belém ensolarada que conhecemos, é outra cidade, em outra realidade. É um reflexo turvo e melancólico, onde lendas urbanas podem ser reais e caminhar nas ruas entre as pessoas, dento da noite quente, através da chuva noturna, disfarçadas com uma casca de normalidade. A Belém das Trevas não é alegre e nem iluminada como a Belém real, é uma Belém noir, naturalmente soturna, com as características sinistras realçadas, casarões antigos que guardam segredos bizarros, cemitérios assombrados por fantasmas inquietos e becos escuros que dão a impressão de estarem conectados com outros planos de existência.